A Revista Valor Econômico divulgou recentemente uma análise que aponta que o volume de dívidas das empresas em Recuperação Judicial é 62% maior do que em dezembro de 2019, levando-se em consideração somente os dados das 20 maiores RJs do país.
O estudo aponta também que os setores de construção e energia respondem por metade das 20 maiores RJs em andamento. E, em pelo menos 80% dos casos, há envolvimento de empresas e ou acionistas na Lava Jato.
Sobre isso, o advogado Antônio Frange Júnior acredita que a Recuperação Judicial no agronegócio tende a ter ainda mais sucesso do que em outros setores e continuará tendo acesso ao crédito, o que facilita sua recuperação.
“A Recuperação Judicial no agronegócio tende a ter ainda mais sucesso do que em outros setores. Já realizei mais de 200 recuperações judiciais em todo o país. Vejo com preocupação a saída dessas empresas da Recuperação Judicial, pois elas poderão ter dificuldades a ter acesso ao crédito existente no mercado.
O processo inverso acontece com as empresas do agronegócio que entram em RJ. A recuperação judicial no segmento do agronegócio, terá um efeito ainda mais consolidador.
Apesar do agronegócio também ter sido atingido pela crise, é um setor que tem garantias mais sólidas para oferecer ao mercado e, portanto, acredito que continuará tendo acesso ao crédito, facilitando sua recuperação.
Sete empresas do agronegócio, a maioria usinas de açúcar e álcool, figuram na lista de maiores recuperações judiciais em andamento.
O número de dívidas em 2019 chega a R$ 242 bilhões. Esse aumento exponencial neste ano foi alavancado devido a recuperação da Odebrechet, que envolve uma renegociação de R$ 80 bilhões.
Um dos apontamentos no relatório é que empresas ligadas à construção civil, como UTS, OAS e Odebrechet, passam a demonstrar fragilidade em um momento que a sociedade, com a eleição de Jair Bolsonaro, espera a retomada econômica do país.
Se empresas do setor da construção e energia estão em recuperação ou estão reestruturando os negócios, a retomada tende a demorar mais. Porém é uma grande oportunidade para que empresas que pertencem a grupo menores, possam expandir os seus negócios”.